segunda-feira, 3 de maio de 2010

Papo, Pinga e Petisco , um verdadeiro túnel do tempo na Praça Roosevelt

Algumas casas noturnas de São Paulo fizeram história. Muitas abrigaram alguns de nossos maiores músicos e cantores, outras deram oportunidade para aqueles em começo de carreira.

Em plena Praça Roosevelt, um bar aconchegante e descolado, com mesas na rua e um sebo nos fundos, a decoração é nostálgica, com geladeiras antigas e muitas quinquilharias, cada vez que você olha, você vê algo novo nas paredes, no teto, a trilha sonora é garantida pelos CDs e LPs usados do sebo, conhecido hoje como PPP (Papo, Pinga e Petisco).




Um cantinho rústico, harmonioso, repleto de curiosidades, é um verdadeiro túnel do tempo. Esse imóvel na década de 60 foi cenário de uma das mais influentes casas noturnas de São Paulo, recebendo grandes astros da nossa música, artistas, escritores, diretores, compositores, maestros que ajudaram a construir a cultura brasileira.

“Foi realizado o primeiro show da Elis Regina, em 1964 conhecido como a boate Djalma´s ao lado de Silvio César , segundo o jornalista e radialista Walter Silva o show foi um fracasso total de público e também foi lançado aqui Jair Rodrigues como Crooner” ressaltas com orgulho Edney Vassalo (46) sócio do estabelecimento.




“Cada canto do bar representa um registro da nossa história. Você pode ouvir qualquer música voltando ao túnel do tempo, cada objeto lembro de um momento da minha vida, desde um simples cartaz a um LP". diz Maria Eugênia (58) freqüentadora do bar.



Músicos, compositores, se encontravam quase sempre na mesma noite, durante os intervalos, ensaiavam formações de novos conjuntos como músicos do sambalanço, do zimbo, do jongo entre outros mais.

O produtor e radialista Lafayette Hohagen (71), lembra que na época a boate Djalma’s, que tinha sido comprada pela dupla Luiz Vassalo e Paulo Kaloubek, dividia com a Baiúca e o Stardust, a melhor música da Praça Roosevelt, o elenco era simplesmente fantástico.

Foi convidado a dirigir alguns shows e a única exigência que foi feita para ele, é que o elenco do musical teria que ser aquele da casa, podendo acrescentar o que achasse conveniente para um bom espetáculo mas “não mexam nos músicos” recomendava os donos de maneira bem incisiva na época.

Quando soube quais eram os músicos que teria que trabalhar Hohagen, ficou de boquiaberto, pois eram considerados ícones da noite paulistana. Entre eles,
Luiz Melo (piano) Xu Viana (contrabaixo) Turquinho (bateria), Papudinho(trumpete) Muntz (sax e flauta) e Hector Costita (sax e clarinete).




O primeiro pocket-show que foi produzido por Lafayette, foi com o sexteto, algumas bailarinas e o sambista Germano Mathias. A idéia era também agradar os turistas, já que bons hotéis estavam nas imediações, e um trabalho de divulgação estava sendo feito.E deu resultado. A casa vivia cheia e o público curtia bastante o show.

Jair Rodrigues costumava cruzar a praça, para ouvir aqueles músicos formidáveis e dar uma canja no final da noite. Numa destas vezes, apresentou para o radialista um cantor jovem de nome Moacir, que estava desempregado, e cantava muito bem. Tinha muito balanço, era simpático e comunicativo. Moacir se deu muito bem com os músicos da boate, agradava o público e por isso acabou sendo contratado pela casa. Moacir foi rebatizado “Djalma Dias” pelo produtor Alfredo Borba, que justificou a troca pois, no momento, o nome de sucesso era Moacir Franco, líder de audiência na TV Excelsior. Com o mesmo nome, fatalmente, ficaria ofuscado.

Djalma Dias depois foi lançado em uma das Noites de Bossa, no Teatro de Arena, e tempos mais tarde, fez vários trabalhos com Abelardo Figueiredo, inclusive no exterior.

Um bar de apenas 250 metros, consolidou vários artistas que hoje são ícones e fazem história da música popular brasileira.

3 comentários:

  1. Parabéns pessoal..adorei o texto de vocês.

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  2. Oba! Gostei e me senti lisonjeado por citarem trechos de meu blog www.contosdolafa.blogspot.com
    Fiquem a vontade pois ali tem muita história interessante.Grande abraço e sucesso

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  3. Gostei muito dessa reportagem!!!!!!!!
    Ficou D+

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